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Renan Calheiros e Arthur Lira |
A movimentação nos bastidores da política nacional, com reflexos diretos em Alagoas, revelou mais uma jogada de mestre de Renan Calheiros — estrategista consumado do tabuleiro eleitoral brasileiro. O acordo selado em Brasília, que, na prática, retira o prefeito de Maceió, JHC, da corrida ao governo estadual em 2026, garantiu ao senador do MDB um cenário altamente favorável para sua tentativa de reeleição ao Senado, antes vista como desafiadora, embora viável.
Com a principal ameaça fora do jogo, Renan se reposiciona quase incontestado, mas sua lógica política exige a manutenção de um ambiente de tensão constante. Para manter sua base mobilizada, é necessário um adversário bem definido — e esse papel cabe, estrategicamente, ao deputado federal Arthur Lira. Para Calheiros, Lira representa o oponente ideal: previsível, combativo e, dentro da leitura renanista, mais vulnerável às investidas de seu grupo político.
Haverá reação por parte de Lira? É possível, mas o custo pode ser alto. Enfrentar Renan no terreno da articulação política é um desafio considerável, dado o grau de experiência e destreza que o senador acumulou ao longo de décadas na vida pública. A depender do cenário, a movimentação de Lira pode ser considerada pouco eficaz ou até um desperdício de recursos.
No entanto, caso um terceiro nome com força suficiente surja para entrar na disputa e romper essa polarização, é bem provável que os dois grupos — tradicionalmente antagônicos — optem por alimentar publicamente uma rivalidade direta, reforçando a dualidade como elemento central da narrativa eleitoral.
O que não se deve esperar, em hipótese alguma, é uma trégua entre os dois. Uma aproximação entre Calheiros e Lira, mesmo que estratégica, não apenas enfraqueceria seus discursos, como desmobilizaria suas respectivas bases — algo que nenhum dos lados deseja.
É com essa visão de cenário e guerra simbólica permanente que Renan Calheiros constrói seu caminho rumo a 2026. E, ao que tudo indica, faz isso com a maestria de quem conhece como poucos os atalhos e armadilhas do jogo político brasileiro.
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