Lula posa com cartaz "Cristina Livre" e endossa tese de perseguição judicial contra ex-presidente argentina

 

Lula e Mauro Vieira durante encontro com Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980  • @PrensaPEsquivel

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, em Buenos Aires, foi marcada por um gesto explícito de apoio político que transcendeu o encontro privado. Nesta quinta-feira, 3 de julho, Lula posou para fotos segurando um cartaz com os dizeres "Cristina Livre", alinhando-se à campanha pela liberdade da líder argentina, que cumpre prisão domiciliar após uma condenação por corrupção.

A imagem foi divulgada na rede social X pelo escultor argentino e prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel. Na foto, o presidente brasileiro aparece ao lado do deputado argentino Eduardo Valdés, que, por sua vez, segura uma folha com a inscrição "Lula livre", em uma clara alusão à situação vivida pelo próprio petista durante a Operação Lava Jato.

Ao publicar a imagem, Esquivel afirmou que esteve com o "irmão e companheiro" Lula para dizer "Cristina Libre!" e declarou que a prática de "lawfare" — o uso do sistema judicial para fins de perseguição política — segue "destruindo democracias" na região. "Se caíram as mentiras contra Lula no Brasil, elas vão cair aqui. Cristina é inocente", escreveu o ativista.

O registro fotográfico foi feito no mesmo dia em que Lula realizou uma visita de aproximadamente 50 minutos a Kirchner em sua residência, onde foi recebido com aplausos por apoiadores da ex-presidente.

Curiosamente, em sua própria publicação sobre o encontro, Lula adotou um tom mais pessoal e menos confrontador. Ele celebrou a amizade de longa data e disse ter encontrado Kirchner "com força e gana de luta", falando em "carinho e afeto de amigos" e "ideais de justiça social", mas sem defender diretamente a liberdade da aliada ou mencionar o termo "lawfare".

O ato de segurar o cartaz, no entanto, posiciona o chefe de Estado brasileiro como um apoiador direto de uma causa que questiona a soberania e a legitimidade do Poder Judiciário de um país vizinho e parceiro estratégico do Brasil.