Barroso rebate Trump e afirma que não há perseguição política no Brasil

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7/14/25

Barroso rebate Trump
Em resposta à carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou na noite deste domingo (13) uma declaração oficial. No documento, Barroso afirmou que a decisão do governo norte-americano de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros tem como base uma “compreensão imprecisa dos fatos” e reforçou que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém”.

A medida tarifária, anunciada por Trump na semana passada, foi justificada com base na situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no STF por tentativa de golpe de Estado. O líder norte-americano também apontou decisões do Supremo contra aliados de Bolsonaro que residem nos Estados Unidos, além de ações que, segundo ele, afetariam empresas de tecnologia americanas.

Em sua resposta, Barroso afirmou que, diante da gravidade das alegações, considerou ser seu dever apresentar uma descrição “factual e objetiva” da atual conjuntura brasileira. O ministro fez um resgate histórico das ameaças à democracia no país, destacando que desde 2019 novos episódios voltaram a colocar em risco as instituições democráticas.

Entre os eventos citados por Barroso estão a tentativa de ataque com explosivos no aeroporto de Brasília, uma invasão à sede da Polícia Federal, a tentativa de detonar uma bomba na sede do STF, acusações infundadas de fraude nas eleições presidenciais, alteração de relatório das Forças Armadas que inicialmente descartava qualquer fraude nas urnas eletrônicas, ameaças a ministros da Corte — incluindo pedidos de impeachment — e acampamentos em frente a quartéis pedindo a destituição do presidente eleito.

O presidente do STF também mencionou uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que relata planos, atribuídos ao entorno de Bolsonaro, para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Barroso defendeu a atuação da Suprema Corte, ressaltando que a preservação das instituições no Brasil só foi possível graças à independência e firmeza do Judiciário. “Foi necessário um tribunal autônomo e atuante para impedir o colapso institucional, como já ocorreu em diversos países, do Leste Europeu à América Latina”, escreveu.

Ele garantiu ainda que todas as ações penais em andamento seguem rigorosamente o devido processo legal, com total transparência. Os julgamentos, segundo Barroso, são públicos, transmitidos ao vivo pela televisão, acompanhados por advogados, pela imprensa e pela sociedade civil.

Ao rebater as alegações de censura feitas por Trump, Barroso reiterou que as decisões da Corte visam resguardar a liberdade de expressão. Citou como exemplo a recente decisão sobre a responsabilização de plataformas digitais por conteúdo ilegal publicado por usuários, destacando que o STF adotou uma solução equilibrada — menos severa do que as normas adotadas pela União Europeia — preservando os direitos fundamentais, como liberdade de imprensa, de empresa e os princípios constitucionais.



Brasil buscará reverter tarifa de 50% imposta por Trump sobre exportações brasileiras aos EUA

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Brasil buscará reverter tarifa de 50% imposta por Trump
O governo federal anunciou que irá atuar para anular a nova tarifa comercial de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, medida revelada na quarta-feira (9) pelo presidente norte-americano Donald Trump. A resposta oficial foi dada neste domingo (13) pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, durante a cerimônia de inauguração do Novo Viaduto de Francisco Morato, em São Paulo.

Alckmin classificou a imposição como inadequada e prejudicial não apenas ao Brasil, mas também ao consumidor norte-americano. “Vamos nos mobilizar para reverter essa decisão, que não tem fundamento técnico ou econômico. Além de injustificável, ela afeta negativamente o próprio mercado dos EUA. Pretendemos levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC)”, declarou o vice-presidente.

Entre as medidas em análise pelo governo está a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril deste ano. A legislação estabelece mecanismos para suspender concessões comerciais, investimentos ou obrigações relacionadas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a ações unilaterais que comprometam a competitividade do Brasil no cenário internacional.

De acordo com Alckmin, também estão previstas reuniões com representantes do setor privado nos próximos dias para alinhar estratégias diante do novo cenário. Ele destacou ainda o histórico positivo da relação comercial entre os dois países. “Os Estados Unidos têm superávit conosco tanto na balança de bens quanto na de serviços. O Brasil não representa ameaça à economia norte-americana. Pelo contrário: há uma integração produtiva entre nossas nações. São 200 anos de relações amistosas. Medidas como essa criam instabilidade num momento em que o mundo precisa de previsibilidade econômica”, ressaltou.

A tarifa anunciada por Trump passa a vigorar a partir de 1º de agosto e foi comunicada por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o presidente norte-americano cita diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Trump também menciona decisões judiciais brasileiras contra apoiadores de Bolsonaro que residem nos Estados Unidos e acusa o Brasil de “atacar eleições livres” e de desrespeitar a liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos.

“É inadmissível a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder amplamente respeitado durante seu governo, inclusive por nós. Esse julgamento jamais deveria ocorrer. Trata-se de uma verdadeira Caça às Bruxas que precisa ser interrompida imediatamente”, afirmou Trump na correspondência.

Incentivo ao carro sustentável: IPI zerado

Ainda durante o evento em São Paulo, Alckmin comentou sobre a entrada em vigor da medida que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos sustentáveis. Anunciada pelo presidente Lula na última semana, a iniciativa tem como objetivo reduzir o custo dos carros compactos de entrada, tornando-os mais acessíveis à população.

“Essa ação pode gerar uma redução de R$ 10 mil a R$ 12 mil no valor desses veículos, o que representa um avanço importante. Estamos falando de carros mais limpos, com maior eficiência energética e impacto ambiental reduzido. É uma política que alia sustentabilidade com justiça social”, explicou o vice-presidente.

O decreto, assinado na quinta-feira (10), integra o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado no ano passado com foco na descarbonização da frota automotiva brasileira. A medida concede benefícios fiscais a veículos nacionais que atendam a critérios específicos de sustentabilidade e produção.

Para se enquadrar no IPI zero, o carro deve cumprir quatro exigências: emitir menos de 83g de CO₂ por quilômetro rodado, conter ao menos 80% de materiais recicláveis, ser totalmente produzido no Brasil — incluindo processos como soldagem, pintura, montagem e fabricação do motor — e pertencer à categoria de veículos compactos, voltados ao público de entrada.

Bolsonaro reage a tarifa de Trump: Medida ligada a "valores e liberdade", não economia

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Donald Trump e Bolsonaro

Bolsonaro também manifestou pesar pelo impacto da medida sobre os produtores brasileiros e assegurou que não deseja punições individuais a ninguém, incluindo seus adversários políticos. Essa declaração surge em um momento de crescente pressão do governo Lula, que responsabiliza Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela articulação política com os Estados Unidos que levou às sanções.

Na semana anterior, Trump formalizou as sanções ao Brasil por meio de uma carta endereçada ao presidente Lula, que foi divulgada na rede social Truth Social. No comunicado, o ex-presidente norte-americano alegou que Bolsonaro é alvo de perseguição política no Brasil, especialmente em decorrência de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), e vinculou a medida comercial a uma resposta à "injustiça" percebida.

Em paralelo, Eduardo Bolsonaro permanece nos Estados Unidos, engajado em uma ofensiva diplomática contra o ministro Alexandre de Moraes e buscando apoio para a anistia de seu pai, que está sob investigação por suposta tentativa de golpe de Estado. 

A clara ligação entre as sanções comerciais de Trump e as questões judiciais enfrentadas por Bolsonaro tem fortalecido a percepção de que a imposição tarifária é um desdobramento de uma disputa política com implicações internacionais.

FIEA critica tarifa dos EUA e alerta para risco de US$ 61 milhões em exportações de Alagoas

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7/12/25

Presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade

Em uma nota divulgada esta semana, a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) manifestou-se duramente contra a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos. A entidade classificou a sobretaxa como uma barreira sem justificativa comercial ou econômica, alinhando-se à posição da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para a FIEA, a nova política norte-americana cria um ambiente de instabilidade e representa uma ameaça direta ao setor produtivo de Alagoas, com especial preocupação para o setor sucroalcooleiro. A relevância dessa parceria comercial é evidenciada por dados do Observatório da Indústria: em 2024, os EUA foram o terceiro maior mercado para as exportações alagoanas, gerando uma receita superior a US$ 61 milhões. Apenas em 2025, mais de 90% do açúcar exportado para os Estados Unidos teve origem no município de São Miguel dos Campos.

O presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade, defendeu a manutenção de uma relação estratégica e estável entre os dois países. "É crucial que o diálogo diplomático e comercial prevaleça para garantir a segurança dos investimentos e a proteção dos empregos gerados pela nossa indústria. Alagoas não pode pagar a conta por uma decisão arbitrária", declarou o líder industrial.

A federação alerta para os possíveis efeitos em cascata da medida, que podem comprometer o desempenho das exportações e a sustentabilidade de milhares de postos de trabalho no estado. Diante do risco, a entidade cobra do governo brasileiro uma postura firme na negociação para reverter a tarifa e assegurar a competitividade da indústria nacional no mercado global.

Crise em Delmiro Gouveia: Vereadores cassados por fraude partem para o ataque contra a Justiça Eleitoral

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Renato Torres e Ivam do Canal 

Após a cassação de seus mandatos pela Justiça Eleitoral por fraude na cota de gênero, os vereadores do PT em Delmiro Gouveia, Renato e Ivam, adotaram uma postura de confronto com o Judiciário. A estratégia dos parlamentares tem sido criticar a sentença do juiz e o parecer do Ministério Público, em uma aparente tentativa de deslegitimar a decisão.

A defesa dos vereadores parece se concentrar em ataques públicos à figura do magistrado, evitando o debate sobre a acusação central: o uso de candidaturas femininas fictícias, ou "laranjas", como meio para garantir a eleição da chapa. Essa conduta, contudo, pode trazer novas e sérias complicações legais, enquadrando-se potencialmente no crime de desacato, previsto no Código Penal.

O desacato é caracterizado como o ato de desrespeitar ou humilhar um funcionário público no exercício de sua função. As críticas e acusações feitas pelos parlamentares podem ser interpretadas como uma forma de pressão sobre as instituições e um desrespeito à decisão judicial. Há ainda a percepção de que os vereadores estariam mobilizando apoiadores para endossar os ataques ao sistema de justiça.

Diante do cenário, e cientes de que podem ser punidos também por essas ações, a questão que permanece é qual será a postura de Renato e Ivam caso a condenação por fraude eleitoral seja confirmada pelas instâncias superiores da Justiça.

Jogo antecipado: Renan neutraliza JHC e mira reeleição com Lira como antagonista

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Renan Calheiros e Arthur Lira

A movimentação nos bastidores da política nacional, com reflexos diretos em Alagoas, revelou mais uma jogada de mestre de Renan Calheiros — estrategista consumado do tabuleiro eleitoral brasileiro. O acordo selado em Brasília, que, na prática, retira o prefeito de Maceió, JHC, da corrida ao governo estadual em 2026, garantiu ao senador do MDB um cenário altamente favorável para sua tentativa de reeleição ao Senado, antes vista como desafiadora, embora viável.

Com a principal ameaça fora do jogo, Renan se reposiciona quase incontestado, mas sua lógica política exige a manutenção de um ambiente de tensão constante. Para manter sua base mobilizada, é necessário um adversário bem definido — e esse papel cabe, estrategicamente, ao deputado federal Arthur Lira. Para Calheiros, Lira representa o oponente ideal: previsível, combativo e, dentro da leitura renanista, mais vulnerável às investidas de seu grupo político.

Haverá reação por parte de Lira? É possível, mas o custo pode ser alto. Enfrentar Renan no terreno da articulação política é um desafio considerável, dado o grau de experiência e destreza que o senador acumulou ao longo de décadas na vida pública. A depender do cenário, a movimentação de Lira pode ser considerada pouco eficaz ou até um desperdício de recursos.

No entanto, caso um terceiro nome com força suficiente surja para entrar na disputa e romper essa polarização, é bem provável que os dois grupos — tradicionalmente antagônicos — optem por alimentar publicamente uma rivalidade direta, reforçando a dualidade como elemento central da narrativa eleitoral.

O que não se deve esperar, em hipótese alguma, é uma trégua entre os dois. Uma aproximação entre Calheiros e Lira, mesmo que estratégica, não apenas enfraqueceria seus discursos, como desmobilizaria suas respectivas bases — algo que nenhum dos lados deseja.

É com essa visão de cenário e guerra simbólica permanente que Renan Calheiros constrói seu caminho rumo a 2026. E, ao que tudo indica, faz isso com a maestria de quem conhece como poucos os atalhos e armadilhas do jogo político brasileiro.

O silêncio cúmplice da esquerda frente ao acordão das elites em Alagoas

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O encontro entre Lula, Marluce, Lira e JHC aconteceu em Brasília - Foto: Divulgação/Assessoria

O que por muito tempo circulou como mero boato nos corredores da política alagoana agora se confirma como um movimento político consolidado. A indicação da procuradora Maria Marluce Caldas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ultrapassa o campo técnico e revela uma engrenagem cuidadosamente ajustada entre figuras centrais do poder nacional e estadual: o presidente Lula (PT), os líderes Arthur Lira (PP) e Renan Calheiros (MDB), o ministro Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió, JHC (PL). O objetivo é claro — reconfigurar o tabuleiro político de Alagoas mirando as eleições de 2026.

As movimentações apontam para um desenho estratégico: Arthur Lira e Renan Calheiros devem disputar vagas no Senado; Renan Filho se reposiciona como candidato ao governo estadual; e JHC, por sua vez, encerraria seu ciclo à frente da prefeitura da capital, afastando-se da corrida pelo Executivo estadual. É uma composição em que todos preservam suas trajetórias e em que nenhum confronto direto ameaça desestabilizar a engrenagem. O pacto mantém viva a fórmula da velha política, vestida de pragmatismo, mas sustentada pela manutenção das elites no poder — ainda que vendida como articulação democrática.

O aspecto mais simbólico dessa reaproximação entre adversários históricos é o silêncio generalizado — e, em especial, da esquerda institucional. Nenhuma nota oficial, nenhuma crítica pública, nenhum posicionamento que questione abertamente a aliança entre Lula e expoentes do conservadorismo alagoano. Nem mesmo os discursos recentes em defesa da renovação partidária, proferidos durante o Processo de Eleições Diretas (PED) do PT, encontraram eco frente à movimentação que, na prática, contradiz a promessa de mudança.

Esse mutismo pode ter múltiplas explicações: cálculo estratégico, fragilidade estrutural dos partidos locais, falta de lideranças com força de mobilização ou mesmo simples conivência. Mas independentemente da origem, o efeito é um só — o acordo avança sem contestação, enquanto a lógica de poder permanece intacta, blindada por uma governabilidade que se sobrepõe a qualquer enfrentamento simbólico.

A nomeação de Marluce Caldas, tia de JHC, ao STJ, torna-se assim não apenas um gesto técnico, mas o selo de uma engrenagem oligárquica que se adapta para permanecer. A estrutura de dominação regional não se sustenta por ideologias, mas pela maleabilidade com que recompõe alianças e neutraliza rupturas. Em Alagoas, a política tem menos a ver com disputa de visões de mundo do que com a arte de não se enfrentar.

Mesmo a esquerda mais crítica — intelectuais, movimentos sociais, lideranças populares — tem mantido distância. Nenhum esforço visível para denunciar o avanço de uma lógica conservadora que, em outros momentos, teria gerado mobilização e protesto. Quando até a divergência silencia, o consenso se impõe com naturalidade.

Essa ausência de reação talvez seja o elemento mais revelador de todo o episódio: não se trata apenas de um acordo pontual entre líderes políticos rivais, mas de um pacto maior que acomoda contradições e dissolve conflitos em nome de uma estabilidade que pouco transforma — e muito preserva.

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