Brasil buscará reverter tarifa de 50% imposta por Trump sobre exportações brasileiras aos EUA

7/14/25

/ Por Redação

 

Brasil buscará reverter tarifa de 50% imposta por Trump
O governo federal anunciou que irá atuar para anular a nova tarifa comercial de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, medida revelada na quarta-feira (9) pelo presidente norte-americano Donald Trump. A resposta oficial foi dada neste domingo (13) pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, durante a cerimônia de inauguração do Novo Viaduto de Francisco Morato, em São Paulo.

Alckmin classificou a imposição como inadequada e prejudicial não apenas ao Brasil, mas também ao consumidor norte-americano. “Vamos nos mobilizar para reverter essa decisão, que não tem fundamento técnico ou econômico. Além de injustificável, ela afeta negativamente o próprio mercado dos EUA. Pretendemos levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC)”, declarou o vice-presidente.

Entre as medidas em análise pelo governo está a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril deste ano. A legislação estabelece mecanismos para suspender concessões comerciais, investimentos ou obrigações relacionadas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a ações unilaterais que comprometam a competitividade do Brasil no cenário internacional.

De acordo com Alckmin, também estão previstas reuniões com representantes do setor privado nos próximos dias para alinhar estratégias diante do novo cenário. Ele destacou ainda o histórico positivo da relação comercial entre os dois países. “Os Estados Unidos têm superávit conosco tanto na balança de bens quanto na de serviços. O Brasil não representa ameaça à economia norte-americana. Pelo contrário: há uma integração produtiva entre nossas nações. São 200 anos de relações amistosas. Medidas como essa criam instabilidade num momento em que o mundo precisa de previsibilidade econômica”, ressaltou.

A tarifa anunciada por Trump passa a vigorar a partir de 1º de agosto e foi comunicada por meio de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o presidente norte-americano cita diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Trump também menciona decisões judiciais brasileiras contra apoiadores de Bolsonaro que residem nos Estados Unidos e acusa o Brasil de “atacar eleições livres” e de desrespeitar a liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos.

“É inadmissível a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder amplamente respeitado durante seu governo, inclusive por nós. Esse julgamento jamais deveria ocorrer. Trata-se de uma verdadeira Caça às Bruxas que precisa ser interrompida imediatamente”, afirmou Trump na correspondência.

Incentivo ao carro sustentável: IPI zerado

Ainda durante o evento em São Paulo, Alckmin comentou sobre a entrada em vigor da medida que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos sustentáveis. Anunciada pelo presidente Lula na última semana, a iniciativa tem como objetivo reduzir o custo dos carros compactos de entrada, tornando-os mais acessíveis à população.

“Essa ação pode gerar uma redução de R$ 10 mil a R$ 12 mil no valor desses veículos, o que representa um avanço importante. Estamos falando de carros mais limpos, com maior eficiência energética e impacto ambiental reduzido. É uma política que alia sustentabilidade com justiça social”, explicou o vice-presidente.

O decreto, assinado na quinta-feira (10), integra o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado no ano passado com foco na descarbonização da frota automotiva brasileira. A medida concede benefícios fiscais a veículos nacionais que atendam a critérios específicos de sustentabilidade e produção.

Para se enquadrar no IPI zero, o carro deve cumprir quatro exigências: emitir menos de 83g de CO₂ por quilômetro rodado, conter ao menos 80% de materiais recicláveis, ser totalmente produzido no Brasil — incluindo processos como soldagem, pintura, montagem e fabricação do motor — e pertencer à categoria de veículos compactos, voltados ao público de entrada.

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