Lula e JHC | Foto: Reprodução |
Reeleito com expressiva votação em 2024 – 83,25% dos votos válidos –, JHC contou com o apoio direto de Bolsonaro e com R$ 6,2 milhões oriundos do fundo eleitoral do PL. Agora, no entanto, o prefeito mira a aproximação com o Palácio do Planalto, especialmente diante da resistência do presidente Lula em indicar nomes apadrinhados pela oposição para cargos estratégicos no Judiciário.
Segundo dirigentes do PSB, o retorno de JHC ao partido é considerado “muito provável”, embora não haja uma data definida. O movimento conta com apoio do prefeito de Recife, João Campos, que assume em breve o comando nacional da sigla e já declarou apoio à reeleição de Lula.
Reviravolta política
A intenção inicial de JHC era migrar para o PSD de Gilberto Kassab, com quem vinha mantendo conversas desde o início do ano. No entanto, a articulação do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e do senador Renan Calheiros (MDB), resultou na filiação do deputado federal Luciano Amaral – primo de Dantas – ao PSD, consolidando uma aliança entre PSD e MDB que inviabilizou a entrada de JHC no partido.
“Não é que os Calheiros e Paulo Dantas barraram a ida do JHC para o PSD. Na verdade, eles conseguiram impedir”, relatou um cacique do PSD envolvido nas negociações.
Com a porta fechada no PSD e a crescente aproximação com figuras da base governista, o PSB passou a ser o caminho mais viável para o prefeito, tanto política quanto estrategicamente, visando garantir apoio à nomeação de sua tia para o STJ.
Desconfiança no PSB e críticas no PL
Apesar da receptividade entre as lideranças nacionais do PSB, há resistência interna ao retorno de JHC. Dirigentes locais lembram que o prefeito deixou o partido em 2022 para se aliar a Bolsonaro, tendo inclusive anunciado sua filiação ao PL ao lado do então presidente no Palácio da Alvorada, entre o primeiro e o segundo turno das eleições.
“A palavra dele não vale nada. Se ele já saiu uma vez do PSB, quem garante que não vai sair de novo depois que a tia for indicada?”, questiona, reservadamente, um dirigente socialista.
Já no PL, a movimentação de JHC é encarada como traição. A legenda custeou a maior parte da campanha do prefeito em 2024 e agora vê com surpresa e desconforto sua possível migração para um partido alinhado ao presidente Lula.
Apesar de negar publicamente qualquer mudança partidária, aliados de JHC confirmam a articulação nos bastidores e reforçam que o prefeito não deseja “perder o bonde” da relação com o governo federal. Em um cenário político cada vez mais polarizado, a movimentação é vista como uma jogada estratégica para manter influência em Brasília – e, possivelmente, garantir um lugar para a família no STJ.
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