Trump impõe seu poder à Califórnia: uso autoritário da Guarda Nacional

6/09/25

/ Por Redação
Trump cumprimentando apoiadores na Carolina do Norte — Foto: REUTERS/Leah Millis 

O presidente Donald Trump assinou uma ordem federalizando a Guarda Nacional na Califórnia, mobilizando dois mil soldados para conter manifestações contra operações de imigração realizadas por agentes federais. A decisão foi tomada sem o pedido do governador do estado, Gavin Newsom, que classificou a medida como provocadora e desnecessária.

Newsom, um crítico constante de Trump, alertou que a ordem federal não visava compensar a falta de efetivo policial, mas apenas criar um espetáculo político. “Trump quer um show. Não deem a ele esse pretexto”, afirmou o governador, pedindo calma e protestos pacíficos. Enquanto isso, em Los Angeles, os confrontos e as prisões de manifestantes e imigrantes continuavam pelo terceiro dia consecutivo.

A mobilização de dois mil soldados pela Casa Branca é o dobro do contingente acionado durante os protestos de 2020, após a morte de George Floyd, também durante o primeiro mandato de Trump. Um paralelo histórico surge com 1992, quando o então presidente George H.W. Bush atendeu ao pedido do governador Pete Wilson para enviar tropas federais durante a revolta causada pela absolvição de policiais que espancaram Rodney King. No entanto, diferentemente daquela ocasião, agora o governador não solicitou ajuda federal.

A decisão de Trump ocorre em um contexto de rivalidade política, já que Newsom é um dos principais opositores do presidente. Para justificar sua ação, Trump invocou uma cláusula legal que permite federalizar a Guarda Nacional para reprimir insurreições. Ele argumentou que, se o governador Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, não conseguirem conter a violência, o governo federal agiria para “resolver o problema”. Em suas redes sociais, Trump usou novamente o apelido depreciativo “Newscum” para se referir ao governador.

Newsom, por sua vez, acusou Trump de incitar a violência e de usar a mobilização militar como ferramenta política. Do lado de Trump, assessores e aliados defenderam a decisão, incluindo o vice-presidente J.D. Vance, que rotulou os manifestantes de “insurrecionistas”. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, chegou a considerar a possibilidade de enviar fuzileiros navais para conter os protestos.

Além disso, Tom Homan, responsável pela política de fronteiras, ameaçou prender autoridades locais que interfiram na operação federal, alegando que a recusa de cooperar com agentes de imigração faz de Los Angeles um “santuário para criminosos”. Em resposta, Newsom desafiou Homan publicamente: “Venha me pegar, valentão. Isso não vai me impedir de defender a Califórnia”.

A decisão de Trump de recorrer à força federal reflete uma postura mais agressiva neste segundo mandato, em que ele busca cumprir antigas promessas de campanha sobre “lei e ordem” e repressão a protestos e imigração ilegal. Para o presidente, a ocasião oferece a oportunidade de se confrontar diretamente com seus adversários políticos em um novo capítulo de polarização nacional.

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