CPI das Bets: cortina de fumaça para esconder rombo bilionário no INSS

5/15/25

/ Por Redação

Lula | Foto: Reprodução
Em um momento de alta tensão política e crescente insatisfação popular com os rumos da economia, a retomada da CPI das Apostas On-line — a chamada CPI das Bets — surge como uma ferramenta estratégica de distração. Com cobertura intensa da mídia e atenção massiva nas redes sociais, especialmente em torno de influenciadores digitais como Virginia Fonseca, o debate nacional parece ter desviado de uma crise muito mais grave: o que já está sendo chamado de maior rombo da história do INSS.

A convocação de celebridades para depor sobre a promoção de sites de apostas atrai os holofotes. Virginia, por exemplo, soma mais de 53 milhões de seguidores e tem sido o centro de debates que vão desde a legalidade da divulgação de jogos até o estilo de roupa usado durante seu depoimento. O que se vê é um país discutindo tênis e copos Stanley, enquanto milhões de aposentados estão sendo prejudicados com descontos indevidos de até R$ 400 por mês nos benefícios pagos pelo INSS — sem transparência, sem explicações e, o mais grave, sem responsabilização política.

Essa inversão de prioridades escancara uma estratégia deliberada de setores do poder para manter a população desinformada, enquanto as engrenagens de um sistema corrupto operam silenciosamente. A CPI das Bets, nesse contexto, atua como um espetáculo político-midiático, onde influenciadores viram peças-chave de um "tabuleiro de distração" — fáceis de julgar, fáceis de cancelar, fáceis de entreter.

Mas onde estão os políticos responsáveis pelos esquemas dentro do INSS? Quem está respondendo judicialmente por esses crimes contra aposentados e idosos? Até agora, nenhuma autoridade de peso foi presa ou sequer investigada com o mesmo rigor que se vê contra celebridades da internet.

Enquanto isso, a grande imprensa, em boa parte, contribui com essa cortina de fumaça, preferindo pautas que geram cliques e engajamento ao invés de enfrentar as estruturas podres que operam nas entranhas do Estado. Há também o fator político: o escândalo do INSS respinga diretamente no governo do presidente Lula, que, até aqui, tem evitado se posicionar com firmeza sobre os milhares de relatos de descontos indevidos e irregularidades nos sistemas de pagamento de benefícios sociais.

A omissão midiática e o silêncio institucional favorecem interesses de poder, que ganham tempo e espaço para se reorganizar enquanto a população está entretida com celebridades. Como consequência, o cidadão comum perde poder de indignação, perde acesso à verdade e, sobretudo, perde dinheiro — sem sequer perceber.

A análise é clara: o Brasil vive um momento em que o entretenimento está vencendo o jornalismo, e a distração está vencendo a mobilização. Enquanto isso, a corrupção, bem vestida e silenciosa, continua operando com o "ok" de um sistema que já não se preocupa mais em se esconder.


Nenhum comentário

Postar um comentário

© 2022 - 2024 | Olhar Político. Todos os direitos reservados.
A republicação é gratuita desde que citada a fonte.