Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Com a eleição de 2026 já no horizonte e o Planalto mergulhado precocemente na disputa, Lula tem mais a perder do que ganhar ao adiar explicações. A tentativa de transferir a responsabilidade para a gestão anterior não convence, especialmente diante do crescimento dos descontos durante a atual administração.
A reação tardia também comprometeu a defesa governista. As demissões de Alessandro Stefanutto da presidência do INSS e de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social ocorreram a contragosto e depois de forte pressão. No caso de Lupi, a substituição pelo seu número dois acentuou a percepção de continuidade e não de mudança.
Outro fator que pesa contra o governo é a ligação histórica de Lula com movimentos sindicais. Embora as entidades envolvidas nas fraudes não sejam formalmente sindicatos, compartilham características associativas semelhantes — e uma delas, inclusive, tem um irmão do presidente entre seus dirigentes.
Enquanto isso, a oposição bolsonarista avança com discurso simples e de forte apelo nas redes sociais. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) tem se destacado nesse campo. Seu vídeo sobre o caso INSS, embora contenha distorções e tente isentar o ex-presidente Jair Bolsonaro, já ultrapassou 136 milhões de visualizações no Instagram, neste sábado.
Para efeito de comparação, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) também publicou um vídeo responsabilizando Bolsonaro, mas não conseguiu alcançar nem 1 milhão de visualizações no mesmo período. A diferença escancara o abismo de engajamento digital entre os dois polos políticos.
Esse cenário lembra o ocorrido no caso do Pix, em que um vídeo de Nikolas também forçou o governo a recuar de uma norma da Receita Federal sobre monitoramento de movimentações financeiras.
Tudo isso aponta para um governo que, quase dois anos e meio após sua posse, ainda luta para consolidar sua autoridade e narrativa pública. A popularidade de Lula tem oscilado negativamente, e internamente já se admite que o desgaste é real — ainda que o discurso oficial continue tratando o problema como uma questão de “comunicação”.
O governo tenta reverter o quadro com promessas de novos benefícios sociais, estratégia que especialistas consideram arriscada diante do cenário fiscal. Com a eleição de 2026 no radar, o Planalto parece dobrar a aposta, mas o preço pode ser alto.
Enquanto isso, a oposição segue ganhando terreno nas redes e na opinião pública. E, para o governo Lula, essa é apenas uma entre as muitas batalhas que ainda poderá perder até o próximo pleito presidencial.
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