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Hugo Motta e Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução |
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Motta aguarda um parecer jurídico da consultoria da Câmara antes de anunciar formalmente sua resposta, o que deve ocorrer até esta terça-feira (13). Em conversas reservadas, o presidente da Câmara afirmou querer agir com responsabilidade, buscando evitar uma crise entre os Poderes, mas admitiu que o descontentamento na Casa é generalizado.
“Mais de 315 deputados votaram a favor da medida que suspenderia a ação penal. É uma resposta que precisa ser dada aos nossos pares”, afirmou Motta, segundo interlocutores.
Já a colunista Míriam Leitão, de O Globo, revelou que o presidente da Câmara estuda acionar o plenário do STF para revisar a decisão da Primeira Turma — estratégia que, embora não reverta imediatamente a situação, aumenta o desgaste público da Corte ao expor a divergência institucional entre os Poderes.
Centrão se alinha a Bolsonaro contra STF
A decisão do Supremo incomodou especialmente o bloco do Centrão, tradicional aliado do governo em votações-chave. O movimento indica uma crescente aproximação entre setores da direita e o próprio ex-presidente Bolsonaro, que vê na crise uma oportunidade para reunir apoio político contra o STF.
“Algo será feito”, teria garantido Motta a seus aliados, conforme relatado pela imprensa. A declaração, embora vaga, aponta para a possibilidade de ações mais incisivas do Congresso contra o Judiciário, como a instalação de CPIs ou a retomada de propostas de emenda constitucional que limitam os poderes da Suprema Corte, como o fim das decisões monocráticas e alterações nos critérios de escolha dos ministros.
Cenário de tensão institucional
A crise entre Legislativo e Judiciário se agrava em um momento de forte polarização política e de pressão pública sobre os parlamentares por parte das redes sociais. Motta, que enfrenta denúncias relacionadas a emendas do orçamento secreto, tenta equilibrar sua posição diante do STF e de seus colegas de Câmara, em especial os mais alinhados à direita.
Analistas políticos alertam que o embate pode escalar, sobretudo se o Congresso decidir avançar com medidas retaliatórias. “O Supremo é, por natureza, a última instância do Judiciário. Mas o Parlamento tem instrumentos políticos que podem impactar diretamente o funcionamento e a estrutura da Corte”, avaliou um consultor legislativo ouvido reservadamente.