PT recusa candidatura de pessoa trans à presidência nacional

5/26/25

/ Por Redação
Trans teve candidatura a presidente do PT negada Foto: Reprodução/Print Instagram Dani Nunes
A exclusão da candidatura da turismóloga e ativista transexual Dani Nunes à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) gerou intensa repercussão e acusações de “violência política de gênero e raça” por parte de militantes e lideranças internas da legenda. A decisão foi tomada na última quarta-feira (21), após a retirada de uma das cinco assinaturas necessárias para a formalização da candidatura, exigidas pelo regulamento do Processo de Eleição Direta (PED) de 2025.

Segundo a Direção Nacional do PT, o indeferimento se deu “exclusivamente pelo descumprimento das normas estabelecidas no regulamento”. No entanto, Dani Nunes contestou a decisão, alegando que o regulamento não prevê a retirada de apoio já formalizado e recorreu oficialmente ao partido.

Em publicação nas redes sociais, Dani classificou o episódio como um “abalo profundo” em sua trajetória de militância.

“Meu chão ruiu. Não esperava que a atitude individual de uma pessoa pudesse comprometer toda uma trajetória de luta, minha e de tantos companheiros e companheiras”, escreveu.

Acusações de exclusão política

A corrente Raízes do PT, à qual Dani é filiada, divulgou nota na sexta-feira (23) acusando o partido de agir de forma “arbitrária e injusta”. Segundo o grupo, o gesto que retirou o apoio não tem respaldo no regulamento eleitoral do partido, e a decisão de barrar a candidatura fere os princípios de inclusão e diversidade da legenda.

“Qual é o medo de uma candidatura construída por pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, periféricas e antirracistas?”, questiona o texto.

A corrente ainda afirma que Dani Nunes representava uma candidatura historicamente simbólica, por ser a primeira mulher transexual a disputar o comando nacional do PT, e que sua exclusão representa “um retrocesso no debate interno sobre representatividade e pluralidade”.

Candidatura segue sub judice

O recurso apresentado por Dani Nunes ainda será analisado pela Comissão de Ética e pelo Diretório Nacional do partido, que tem até o início de junho para deliberar. Enquanto isso, seguem na disputa os nomes de Edinho Silva, Valter Pomar, Romênio Pereira e Rui Falcão.

A eleição para a presidência do PT está marcada para 6 de julho, e definirá a nova direção nacional da legenda para o ciclo eleitoral que culminará nas eleições municipais de 2026.

Nos bastidores, lideranças petistas admitem que o caso pode gerar desgaste interno e pressões públicas, especialmente em um momento em que o partido busca se reposicionar como referência na defesa de direitos das minorias e no combate à desigualdade.

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