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Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa Foto: Wilson Dias/Agência Brasil |
Durante o depoimento, Rebelo afirmou que a frase de Garnier — sobre "deixar tropas à disposição" do então presidente Jair Bolsonaro — “não pode ser tomada literalmente”, citando que na língua portuguesa existem expressões com força figurativa, como no caso de alguém dizer “estou frito”.
A declaração gerou irritação no ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. Ele questionou se Rebelo havia participado da reunião em que a frase foi dita. Diante da resposta negativa, Moraes o interrompeu de forma ríspida:
— Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos, declarou.
Rebelo retrucou, dizendo que sua apreciação da língua portuguesa era pessoal e que “não admitia censura”. Foi nesse momento que Moraes, visivelmente irritado, ameaçou prender o ex-ministro por desacato:
— Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato, advertiu o magistrado.
A audiência seguiu com novos momentos de tensão. A defesa de Garnier, feita pelo ex-senador Demóstenes Torres, questionou se a Marinha teria capacidade de executar um golpe de Estado sozinha. Moraes interrompeu novamente, dizendo que Aldo Rebelo, embora ex-ministro da Defesa, é um civil e “não pode fazer conjecturas fora da realidade”.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também fez uma pergunta que gerou desconforto, indagando se Rebelo acreditava que sem o apoio do Exército a Marinha poderia romper com a ordem institucional. A defesa protestou por considerar a pergunta opinativa. Pensando estar com o microfone desligado, Gonet foi flagrado dizendo:
— Fiz uma cagada.
Rebelo, por fim, declarou que Garnier não teria poder para mobilizar tropas da Marinha sozinho e que sem o Exército, nenhuma das Forças teria capilaridade suficiente para consolidar um golpe de Estado no Brasil.
O episódio evidenciou a crescente tensão nos processos envolvendo figuras das Forças Armadas e ex-integrantes do governo Bolsonaro, além de levantar críticas quanto à condução das audiências no STF e ao tom adotado pelo relator do caso.
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