Jordan Peterson enfrenta universidade e não aceita passar por “reeducação ideológica”

Jordan Peterson

O psicólogo clínico e autor canadense Jordan Peterson tem travado uma batalha pública e legal contra o Colégio de Psicólogos de Ontário (CPO), o órgão regulador da profissão em sua província. A disputa se concentra na recusa de Peterson em se submeter a um programa de treinamento de mídia social, que ele classifica como uma forma de "reeducação ideológica" imposta para silenciar suas opiniões.

O conflito não é com uma universidade, mas com o órgão que lhe concede a licença para praticar psicologia. A decisão do CPO veio após receber uma série de queixas de membros do público a respeito de declarações feitas por Peterson, principalmente em 2022 na plataforma X (antigo Twitter) e em podcasts.

As Declarações que Geraram a Polêmica
As queixas não foram de pacientes, mas de pessoas que se ofenderam com suas opiniões sobre temas políticos e culturais. Entre as publicações citadas pelo comitê disciplinar do CPO estão:

Críticas ao primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e a outros funcionários do governo.

Um tuíte sobre o ator transgênero Elliot Page, no qual ele se referiu ao médico do ator como "criminoso" e usou o pronome feminino.

Comentários sobre uma modelo plus-size que apareceu na capa da revista Sports Illustrated, que ele considerou "não bonita".

Uma declaração em que afirmou que a aceitação de gênero e a poluição do ar são "principalmente uma farsa".

A Posição do Colégio de Psicólogos
O Comitê de Inquéritos, Reclamações e Relatórios do CPO determinou que as declarações de Peterson poderiam ser vistas como "degradantes" e "desprovidas de profissionalismo". A preocupação do órgão é que, ao se identificar publicamente como psicólogo clínico, suas declarações controversas correm o risco de minar a confiança do público na profissão da psicologia.

O Colégio argumenta que, mesmo que Peterson não esteja em prática clínica ativa (ele parou de atender pacientes em 2017), ele ainda é um membro licenciado e suas ações devem estar de acordo com os padrões éticos da profissão. A ordem para o treinamento corretivo foi, segundo o CPO, uma medida "remedial" e não punitiva, visando garantir que ele se comunique de forma mais profissional no futuro.

"Censura Disfarçada de Ética": A Defesa de Peterson
Jordan Peterson se opôs veementemente à ordem, denunciando-a como uma violação de seu direito à liberdade de expressão, garantido pela Carta Canadense de Direitos e Liberdades. Ele argumenta que está sendo punido por suas opiniões políticas e que o Colégio está excedendo seu mandato ao policiar seu discurso em fóruns públicos, que não têm relação com sua prática clínica.

Em suas redes sociais e declarações públicas, Peterson afirmou: "Não vou me submeter a um curso de 'reeducação' com especialistas deles para que aprendam a 'falar adequadamente'". Ele prometeu tornar público cada passo do processo, caracterizando a ação do CPO como "censura disfarçada de ética profissional".

Batalha Judicial e Derrota
Peterson levou o caso à Justiça para anular a ordem do Colégio. No entanto, em agosto de 2023, a Corte Divisional de Ontário decidiu contra ele, determinando que a ordem do CPO era razoável e não infringia seus direitos de forma injustificada. Os juízes entenderam que os órgãos reguladores profissionais têm o direito de garantir que seus membros mantenham padrões de profissionalismo em declarações públicas.

Posteriormente, em janeiro de 2024, a mais alta corte de Ontário negou o pedido de Peterson para apelar da decisão, esgotando suas vias legais na província. Diante da recusa, Peterson permanece desafiador, insistindo que não se curvará à exigência que considera uma tentativa de controle ideológico.